Como sempre que um tema é abordado, é necessário esclarecer alguns conceitos. Da Real Academia Espanhola obtemos as seguintes definições:

• Ração: Parte ou porção de alimento que é dado a pessoas e animais.
• Comida: Cada uma das substâncias que um ser vivo toma ou recebe para sua nutrição.
• Ingrediente: Componente que entra com outros em um remédio, uma bebida, um ensopado ou outro composto.
• Nutriente: É o que nutre e nutrir é aumentar a substância do corpo animal ou vegetal através da alimentação, reparando as partes que se perdem em virtude das ações catabólicas.

DIGESTÃO DE RUMINANTES

Conhecer o sistema digestivo dos ruminantes e sua função nos permitirá saber que tipo de alimento devemos fornecer a eles. Os ruminantes, como vacas, ovelhas e cabras, são herbívoros, possuem estômago com quatro divisões (das quais se destaca o rúmen) e são as únicas capazes de digerir celulose (fibra) a nível ruminal.

Ressalta-se que o ruminante ao nascer não possui rúmen funcional, tendo que passar por um processo de adaptação. Portanto, a adição de fibra na dieta nas fases iniciais deve ser gradual para estimular o desenvolvimento do rúmen. Ruminação é a regurgitação do alimento, seguida de remastigação, re-salivação e deglutição novamente.

NECESSIDADES NUTRICIONAIS DE RUMINANTES

As necessidades nutricionais dos animais devem ser cobertas pela alimentação que lhes é oferecida.

As necessidades nutricionais dos animais podem ser divididas em:

• Manutenção: São as necessidades do animal para desenvolver sua atividade física e manter suas funções vitais. Variam de acordo com o peso vivo do animal.
• Aumentar
• Gestação
• Produção: são as necessidades nutricionais do gado para sustentar um certo nível de produção.

Ressalta-se que a falta ou excesso de um nutriente na dieta do gado produzirá um desequilíbrio que, além de afetar a produção, pode comprometer a saúde dos animais. Por esta razão, ao formular a ração, deve-se considerar o balanço energético-protéico da mesma e que as necessidades de fibra sejam supridas, para evitar desequilíbrios a nível ruminal.

ALIMENTAÇÃO PARA GADO

Consiste em fornecer aos animais todos os nutrientes necessários para se manterem e atingirem os níveis de produção desejados pelo pecuarista, mantendo-os também em boa saúde. As necessidades nutricionais não são as mesmas para cada animal, pois são afetadas pelo nível de produção, genética e condições ambientais, entre outros.

No dia a dia das fazendas, as exigências globais devem ser diferenciadas da contribuição real, estabelecendo uma margem de segurança. Essa margem é estabelecida para garantir que todos os animais comam, pois dentro dos rebanhos há dominância e nem todos têm acesso à mesma quantidade de alimento.

Alimentação de bezerros

Assim que o bezerro nasce, ele deve ingerir o colostro o mais rápido possível, diretamente da mãe ou em uma mamadeira ou balde. Esta alimentação durará até o desmame. Neste período de tempo, você receberá uma dieta líquida (colostro Sleite) e sólido (eu acho que e forragem). O colostro deve ser administrado nos primeiros três dias. A partir do quarto dia devem ser oferecidos substitutos de leite de qualidade (altos níveis de proteína derivada de subprodutos lácteos) que estão disponíveis no mercado. Após duas semanas de vida, os alimentos sólidos devem ser oferecidos ad libitum ou em pequenas quantidades várias vezes ao dia. Esta alimentação deve consistir de uma ração inicial acompanhada de capim seco de boa qualidade.

Alimentação de criação

Nas fêmeas, o período vai do desmame ao parto. Por ser um período prolongado, os animais apresentam diferentes exigências nutricionais ao longo dele. Enquanto os bezerros não têm 4 meses de idade, a dieta é baseada em forragens secas de qualidade e ração com alto teor de proteína. Após 4 meses, a silagem pode ser incluída, embora em pequenas quantidades.

Entre 6 meses e 1 ano de idade, podem ser oferecidos qualquer tipo de ração e ração hiperproteica, em maior quantidade do que na fase anterior.

A partir de um ano de idade, podem ser alimentados com qualquer tipo de forragem e concentrados, na forma de ração. Deve respeitar um equilíbrio entre energia e proteína e deve permitir que os animais continuem seu desenvolvimento, mas não ganhem peso.

Alimentando vacas em produção

A alimentação nesta fase depende do momento do ciclo produtivo em que a vaca se encontra e do nível de produção. A lactação, em média, dura 10 meses e é seguida por um período de secagem de aproximadamente dois meses. A quantidade de leite produzida atinge seu pico após 45 dias e depois diminui gradativamente até a secagem. Nesta etapa, são considerados os requisitos de mantença, produção, gestação (último terço) e crescimento (até o primeiro parto).

A energia na ração é fornecida pelos carboidratos, na forma de açúcares e amido (disponibilidade rápida) e fibra digestível (disponibilidade lenta). As gorduras também fornecem energia, mas sua concentração na ração deve ser limitada (3-5% da matéria seca da ração). Na primeira fase da lactação, dada a baixa ingestão de ração pelas vacas, elas perdem a condição corporal. Uma vez que o pico de lactação tenha passado, as necessidades energéticas caem, então a porcentagem de concentrado na ração pode ser diminuída.

A proteína ingerida pela vaca pode ter diversas origens, sendo utilizada por microrganismos no rúmen para a formação de proteína microbiana. Esta é a proteína que é verdadeiramente utilizada pela vaca. O nitrogênio não proteico contribui para a formação de proteína microbiana. No primeiro período de lactação, uma boa porção da proteína da ração deve ser desviada (proteína que escapa da fermentação ruminal) para evitar desequilíbrios no sistema digestivo das vacas.

Alimentação de vaca seca

Nesse período, é necessário atender às exigências do animal e evitar variações em sua condição corporal, devido às complicações que isso pode causar no parto e na fase posterior. Dê às vacas secas fibras suficientes e limite a ingestão de grãos. Nas semanas seguintes ao parto, os animais devem se acostumar gradativamente com a ração que irão consumir após o parto.

SISTEMAS DE ração

Existem três sistemas de racionamento, que diferem em alguns aspectos:

• NRC 2001 (Conselho Nacional de Pesquisa, EUA)
• INRA 2007 (Institute National de la Recherche Agroalimentaira, França)
• CNCPS (Cornell Net Carbohydrate and Protein System, EUA)

Conselho Comercial da Mida

Não existe receita para alimentar o gado. Formular a dieta requer conhecimento e aconselhamento. Para preparar a ração, utilize sempre matérias-primas de qualidade, pois isso se refletirá na produção a ser obtida e no estado sanitário do rebanho. A realização regular de análises de silos e rações permitirá ter um conhecimento mais real dos nutrientes fornecidos na dieta.